quarta-feira, 26 de maio de 2010

Manuel de Bon Vivant

Não sou boa de dar conselhos; me preocupo quando as pessoas me procuram para isso e/ou dizem que eu sou a melhor para resolver algo pois tenho mais "pé no chão" ou "a cabeça no lugar". Eu já disse a minha mãe que sou insegura até para decidir com qual roupa devo sair de casa; ela, muito sábia (como só descobrirei ao longo da vida), respondeu que isso não é falta de segurança e sim o fato de ter uma quantidade vasta de opções, o que gera a dúvida; a resposta básica para isso tudo? "Não dê opções ao ser humano." Dúvida é diferente de insegurança.

Mas não vim falar de dúvidas, ser ou não ser e blablabla... Vim dar um conselho! Sim, eu disse antes que sou ruim para isso, que não acho certo quando dizem que eu sou a mais sensata para algo, que tenho dúvidas e inseguranças, mas acho que sou capaz de falar pelo menos algo que sinto que é certo.

Já viu em algum lugar "curta a vida porque a vida é curta"? Isso é verdade, e ao mesmo tempo não é. Depende muito também da fé de cada um; se você acredita que só tem essa única vida que está vivendo agora, corre!, tá fazendo o que parado na frente de uma tela lendo isso?! Vai conhecer o mundo, ajudar pessoas, dar boas risadas, descobrir coisas legais... Já se você acredita no "algo mais", fica aqui mais um pouquinho que pode ser útil (depois, não deixe de fazer tudo o que está acima, porque vale a pena!).

Meu primeiro conselho para "viver bem" é ter conhecimento. E este não precisa vir de livros, você não precisa passar a vida sentado na primeira fila no colégio, não precisa decorar datas e nomes completos de tudo. O conhecimento vem da própria vida; você só o adquire vivendo, intensamente. Corra riscos; muitas vezes você acerta, outras você erra, e nem por isso deixa de aprender.

Não tenha medo de se arrepender; seja por ter feito algo ou deixado de fazer. Acho que, de vez em quando, com o arrependimento nos tornamos mais humildes. E é bom arriscar, fazer o diferente; mas com isso pode vir aquela sensação de não ter feito o certo; well, buddy, at least you tried!

Apaixone-se! Por uma mesma pessoa vários dias de sua vida, ou por várias pessoas diferentes em um dia só. Mas não no sentido banal que todos conhecemos do ato de se apaixonar. E sim no sentido de descobrir algo desconhecido em cada um e se encantar com aquilo. Assim como podemos nos apaixonar por um bom livro ou filme, também podemos sentir o mesmo em relação a um parente distante ou um amigo antigo.

Tenha um objetivo; não é certo vir aqui só a passeio. Sempre admirei aqueles que, já com poucos anos de vida, sempre souberam o que queriam pro futuro. Não que a vida tem que ser totalmente planejada, organizada e tudo deve seguir daquela maneira. Mas é bom se ter alguma noção do que você quer para si próprio. O que vier no caminho é vantagem (ou não, mas de qualquer maneira conta, não deixa de entrar no diário!), pois o destino não é fixo.

Conheça pessoas e lugares. Onde vivemos atualmente, temos medo de tudo que nos cerca; e criamos armas e cercas. Não é certo se isolar do mundo e simplesmente ignorar os fatos. Todos se sentem ameaçados com tudo e não se permitem conhecer as coisas, acham que tudo já está tão acabado que não acreditam na existência da beleza. Isso não quer dizer que você tem que subir na favela e admirar a linda vista do topo do morro... Mas acredite que ainda vale a pena sair de casa.
O mundo tem pessoas e lugares maravilhosos demais para ser desperdiçados!

Divirta-se! O melhor da vida é viver e o importante é ser feliz!

sábado, 22 de maio de 2010

"Quando todas as minhas opções parecem perigosas, o que eu faço? "

Eu tenho problemas, como todo mundo. Mas todos acham que minha vida é perfeita. Bom, ela é ótima! Mas de vez em quando nada parece me satisfazer, dá uma sensação de vazio e eu me pergunto o que estou fazendo, qual é meu papel aqui.
Enquanto não quero me preocupar com os meus problemas, me foco nos dos outros, que parecem menores do que os meus; mas todos nós achamos ter os maiores problemas do mundo né.
Então, parando pra pensar, dessa vez meus problemas são minúsculos, sem graça, até... bobos. Acho que dá pra eu oferecer um ombro amigo nesse momento.

E falando em amigo, foi o que me inspirou a escrever hoje. Tenho uma amiga passando por um problema, que eu não preciso dizer exatamente o que é, já que isso só é da conta de quem "está problemática"... Mas digamos que a situação se encontra no campo amoroso. Todo mundo já teve problemas desse tipo. E geralmente esse é o pior dos casos. Porque cria uma guerra interior, já que é algo emocional. Estamos sempre brigando entre a razão e o sentimento, então fica complicado escolher o caminho mais correto, ou o menos errado.

Bom, respondendo à pergunta do título, que foi feita por essa amiga que está sofrendo:
Escolhe a menos dolorosa possível. Se você tivesse que escolher entre quebrar a mão inteira e quebrar somente dois dedos, o que seria "menos pior"?! Tudo bem que nem sempre o menos perigoso parece menos doloroso pra gente... por exemplo: se eu tivesse que escolher entre pular de asa delta e pilotar um helicóptero, eu ia preferir o segundo, só por não precisar me jogar de um abismo (e sentir aquele frio horrível na barriga) pra alçar vôo; mas seria algo que me colocaria em risco de vida, já que eu não sei pilotar!

A vida é feita de escolhas. Lembra sempre que quando você escolhe uma opção, já elimina as outras. E se arrepender faz parte do jogo! Você pode se arrepender por ter feito algo, como pelo contrário. Eu já fui de dizer "prefiro me arrepender do que eu fiz do que me arrepender de não ter feito"; nem sempre isso funciona, mas desse jeito eu consigo dar uma chance aos acontecimentos da vida.

Amiga, não posso te mandar abrir os olhos porque sabemos que quem está dentro da situação não vê as coisas por completo. Mas nós de fora, well, we can see the big picture...
Anyway, sempre estarei aqui.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

"Off with her head"

Depois de um bom tempo desaparecida estou de volta com algo que estava com vontade de fazer há um tempinho já... análise de Alice.
Como fã do Tim Burton, eu esperava ansiosamente o lançamento do filme aqui pra poder ver um hit da minha infância de maneira diferente, e bota diferente nisso. Mas tenho que dizer que, como fã do Tim Burton, me decepcionei bastante. Por quê?! Porque achei que ele ficou limitado demais! #prontofalei Desde o início eu suspeitava que a parceria dele com a Disney não ia ser das melhores... O cara é doidão, faz filmes bem dark, com temáticas meio bizarras, como daria "certo" trabalhar com a rainha da criançada (que não é a Xuxa - e se fosse, acho que seria pior ainda)?! *Deixo claro que eu ADORO os dois, Burton e Disney, porééém, separadamente!

A história do Lewis Carroll dá margem a viagens bem legais e com certeza poderiam ter sido muuuito melhor exploradas nesse filme.

Já vi muitos dizerem que a obra representa a adolescência... como só tinha visto o desenho e lido o livro quando era criança, nunca tinha parado pra analisar desse jeito. E quer saber? É verdade! Pensando bem na história que virou filminho da Disney, é mais ou menos igual a essa tenebrosa fase.
Primeiramente, como ela vai parar no tal "País das Maravilhas"??? Originalmente, ela está passeando com a irmã mais velha e resolve sair correndo atrás do coelho branco, que aparece sempre nervoso, com medo de tudo e atrasado... Vamos analisar por partes tá: Alice é uma menininha curiosa e se distrai com o coelhinho bonitinho vestidinho, etc... bem pré-adolescente né?! E o coelho... bom, já percebeu que sendo adolescente a gente fica nervosa com facilidade, tem uns medos estranhos e... tá quase sempre atrasado?! (bom, eu não costumo me atrasar não, mas é bom d+ poder dormir um pouquinho além da hora né...)

Aí vamos à toca do coelho. Alice cai num buraco que parece sem fundo, cheio de objetos estranhos, relógios, livros... sabe do que eu lembro quando penso em livros e relógios? Escola, estudar, aprender a ser responsável. Claro que tem adolescente que nunca aprende isso e vira adulto sem aprender, mas essa é uma característica marcante também da fase, aprender a se transformar em adulto. E ela cai nesse buraco num susto né?! Porque correndo atrás do coelho, na distração eis que, PUF!, surge a queda...
Chegando no chão o que ela encontra?! Várias portas e uma mesinha com bebidinha, bolinho e uma chave. Primeiro portas: ser criança é fácil né, você não tem que decidir nada, responder por determinadas escolhas. Sendo adolescente, dependendo da porta que você abre, o caminho pode ser bom ou não, e você, colega, que te vire! A escolha é tua e você tem que aprender a lidar com isso.
Bebidinha com "beba-me" e bolinho com "me coma" são bem convidativos né... eu diria que pode servir como uma alusão às drogas, que são descobertas nessa fase, sendo mostradas pelos amigos (na verdade "frienemies") de um jeito meio sedutor. Mas vou ser boazinha e vou falar só do efeito mostrado na história: a bebida faz Alice diminuir e o bolinho, crescer. Sabe o que são estrias? Basicamente, é um efeito sanfona que acontece na pele por causa do crescimento... o corpo se desenvolve e a pele não acompanha direito. Claro que estrias podem surgir em qualquer idade, mas qual é a fase que as proporções do corpo ficam mais alteradas??? I think you got it!

Depois de beber o líquido não identificado e ficar minúsula a ponto de passar pela portinha que escolhe, ela percebe que largou a chave na mesinha e resolve comer o bolinho pra crescer e pegar a chave de volta. Só que ela cresce demais e começa a chorar. E chooora... então cria um lago de lágrimas. Pena que o cara não era mexicano e naquela época ainda não passava novela no SBT!
Adolescente é um ser estranho, que acumula muita coisa, muitas emoções ao mesmo tempo e de algum jeito acaba explodindo... daí surgem comportamentos agressivos, emotivos (d+), indiferentes e até espinhas... Mas se juntar todas as lágrimas que eu já chorei nessa fase, não enche nem aquele balde de 700 ml do Mc (lê-se "méqui") ta.

Bem depois desse dramalhão vem a lagarta azul. Só por ela ser azul eu já sinto algo meio psicodélico... enfin, a tal lagarta é um ser sábio que dá conselhos (not really, porque ele só fica lá sentadão no cogumelo fumando aquele cachimbinho e respondendo com coisas sem noção), é aquele amigo que você corre quando entra em desespero. E Alice vai parar lá com crise de identidade por causa das mudanças de tamanho e por não saber mais os poeminhas que tinha decorado. O lance dos poeminhas é uma sátira que o autor fez aos poemas que as crianças britânicas da época tinham que aprender. Bom, ela começa a esquecer os poemas, o que significa que ela está começando a deixar para trás sua infância. #OMG! E claro que isso causa crise em todo mundo... abandonar aquela época em que tudo era mais fácil é algo muito difícil.

Como eu já falei demais, vou só terminar com a Rainha de Copas, que na minha opinião é uma personagem bem "complexa"...
Ela se assemelha àquelas criancinhas mimadas que se jogam no chão do shopping e esperneiam quando a mãe se recusa a comprar alguma coisa.
*a primeira vez que eu fiz isso foi no mercado;minha mãe simplesmente virou as costas, fingiu que não me conhecia, foi pro outro corredor e ficou só me observando de longe; quando eu, aquele pingo de gente com aproximadamente 1 aninho de vida e menos de 1m. de altura, percebi que não tinha audiência pro meu show, parei, me recompuz e NUNCA mais paguei um micão desses!
A Rainha de Copas é exatamente essa criança irritada e mal criada, que sempre teve tudo à disposição e quando surge qualquer insatisfação é só cortar-lhe a cabeça.
O que naquela terra de maravilhas (*cof cof) é algo simbólico, porque todos são loucos, ninguém mais tem a cabeça no lugar.

Foi bem interessante a representação da Rainha feita pelo Tim Burton; primeiro achei bizarro colocar a própria mulher com aquela aparência tão (no mínimo) estranha, depois entendi que ela mandava decapitar todo mundo porque tinha aquele defeito do cabeção e não aceitava ser diferente, então queria punir qualquer erro do povo destruindo o que tornava os outros diferentes dela. Sendo no desenho, no livro ou nesse filme, como sempre, ela se mostra mimada e imatura.

Outro elemento do filme que eu adorei (juro que é o último que vou comentar!) foi o nome do lugar. Não sei se deu pra notar, mas esse filme de 2010 é uma continuação da história que nós conhecemos mais pelo desenho... No antigão, a Alice é uma menininha que nomeia aquela terra de "Wonderland", porque tudo parece um sonho, é animado e maravilhoso.
Na verdade, o lugar não passa de "Underland", o mundo subterrâneo, que ninguém sabe que existe, mas que acidentalmente pode cair lá em algum momento da vida...

Acho que vale a pena reler o livro e rever os filmes para interpretar da maneira que quiser. Desde que ajude a atravessar essa ponte, porque adolescência também pode ser comparada à uma ponte, às vezes sólida como de antigos castelos medievais e outras, bamba como aquelas de madeira em tribos distantes.

Xx